Falámos com dois especialistas sobre como a biodiversidade é essencial ao planeta e que projetos estão a ser desenvolvidos para a proteger.
“É cada vez mais importante conseguirmos gerar em nós uma harmonia crescente com a natureza e com as outras formas de vida porque isso é condição essencial para a nossa própria humanidade.” Quem o diz é Helena Freitas, professora catedrática da Universidade de Coimbra especialista em biodiversidade.
Recorda a zoofilia, o “amor pela natureza”, como forma de nos chamar a atenção para a biodiversidade e para o seu valor num momento de ameaça do ambiente.
Proteger a vida na terra é o caminho para travar as alterações climáticas.
Qual o papel da biodiversidade nas alterações climáticas?
“As espécies garantem o funcionamento dos sistemas, o que significa que eu preciso de ter, por exemplo, árvores para garantir a qualidade e quantidade de água dos rios. Eu também preciso de ter árvores ou espécies que fotossintetizam porque são também sequestradoras de carbono. O grande compartimento do sequestro de carbono são de facto as plantas e portanto elas são indispensáveis à estabilidade climática que precisamos de fazer”, explica-nos Helena Freitas, que frisa que o valor das espécies — da biodiversidade — não é apenas o da resolução dos problemas climáticos. É um valor intrínseco à vida, que nos deve fazer querer protegê-la.
Ameaças à biodiversidade
Há neste momento cinco ameaças, segundo a professora e investigadora:
1. Destruição dos habitats,
2. Espécies invasoras,
3. Poluição,
4. Pressão demográfica sobre os territórios e a
5. Sobreexploração dos recursos.
“Vivemos agora uma pandemia onde já é muito claro para a ciência que as questões pandémicas podem continuar a acontecer enquanto estivermos a destruir as florestas tropicais porque, de facto, são elas próprias um repositório imenso de muitas formas de vida. Quando falamos de biodiversidade estamos a falar disto: nós hoje conhecemos bem as plantas, os animais, mas e os vírus? E os fungos? E as bactérias? Tantas formas de vida que a ciência hoje conhece ainda muito mal.”
Conservação de biodiversidade
A conservação da biodiversidade está hoje a viver um contra relógio: muitas espécies já foram extintas ou vivem apenas em cativeiro — em centros de reprodução e jardins zoológicos.
Estas são algumas instituições que podem ajudar a trazer de volta aos ecossistemas algumas espécies em risco ou mesmo desaparecidas.
O Jardim Zoológico de Lisboa é um exemplo disso, já que participa em vários programas de reprodução assistida, conservação de espécies no seu habitat (in situ) e fora do seu habitat (ex situ).
Além das espécies presentemente em risco, “hoje em dia, nós, Jardim Zoológicos, mantemos também espécies que interessam não só pela parte da sensibilização, mas que poderão servir como espécie bandeira para falar sobre ameaças de um ecossistema ou de uma outra espécie em particular. Vamos mantendo também espécies que, não estando ameaçadas hoje, poderão estar ameaçadas amanhã”, diz José Dias Ferreira, curador zoológico do Jardim Zoológico de Lisboa.
Mas de que falamos quando dizemos “biodiversidade”? E o que podemos fazer para protegê-la? Como pode uma instituição como o jardim zoológico contribuir para a manutenção de uma espécie no seu habitat natural? E que espécies estão a ser reintroduzidas pelo Zoo no mundo selvagem?
Veja o vídeo onde Helena Freitas e José Dias Ferreira respondem a esta e outras perguntas.