A Bomba de Calor e o Termoacumulador são duas excelentes opções para dizer adeus ao gás e aquecer a água em casa. Conheça as suas principais diferenças e saiba como escolher a solução mais adequada para si.

Nas próximas décadas, prevê-se um aumento da eletrificação de casas e empresas, reforçando a tendência que já hoje se verifica. Por isso, serão cada vez mais as pessoas e negócios a optarem por equipamentos mais eficientes, de forma a cumprir as metas de descarbonização essenciais para o planeta.

O funcionamento, preço, eficiência energética, espaço, facilidade de instalação, utilização, tamanho da família, ambiente ou até mesmo o ruído são fatores importantes a ter em conta quando a dúvida se instala entre comprar um ‘cilindro’ ou uma bomba de calor. Tudo para que a água continue a sair sempre à temperatura certa!

Preço
Se o preço é o fator mais importante na altura de instalar um equipamento de aquecimento de águas sanitárias (AQS), então a decisão está tomada a favor de um termoacumulador inteligente. Estes equipamentos são os mais acessíveis do mercado, mesmo comparando com alguns dos mais comuns esquentadores a gás.

As bombas de calor são, atualmente, as soluções mais modernas e tecnologicamente avançadas, pelo que o investimento inicial é ainda um entrave para muitas famílias. O investimento mínimo é de 900€ e, em alguns casos, pode ultrapassar os 3.000€.

A meio caminho em termos de preço, a rondar os 1.000€, ficam os termoacumuladores híbridos, que juntam as duas tecnologias - aquecimento por resistência elétrica ou por bomba de calor.

Funcionalidades
Os termoacumuladores inteligentes são equipamentos com um funcionamento bastante simples. A água do depósito é aquecida e mantida a uma temperatura pré-definida através de uma resistência elétrica em contacto direto com a mesma. As versões mais modernas permitem ajustar a temperatura e conseguem ‘memorizar’ as rotinas de quem vive na casa, adaptando o funcionamento à utilização que é feita da água e originando poupanças de 15% no consumo de eletricidade.

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Uma parte da água, cerca de 40 litros, mantém-se disponível de imediato. Já os termoacumuladores híbridos conseguem alternar entre os sistemas, para fomentar a eficiência energética, ou usar ambos, para aumentar a eficácia do aquecimento se o volume de água necessário é maior.

Por sua vez, as bombas de calor funcionam um pouco como um sistema de ar condicionado. O ar exterior que entra está sempre mais quente do que o sistema por onde vai passar. Aquece então um circuito interno que faz subir a temperatura da água até 62ºC, sem recurso a resistências elétricas ou combustíveis. Muitas incluem até ‘extras’ que previnem a sua deterioração e os seus efeitos, como o filtro anti-legionella.

Instalação e espaço
Os termoacumuladores inteligentes têm o seu volume delimitado essencialmente pelo tamanho do depósito. E os equipamentos mais recentes foram perdendo o peso de outros tempos, sendo mais fáceis de instalar em termos de suporte. Determinados modelos permitem até uma montagem horizontal ao invés da tradicional colocação vertical.

Os termoacumuladores híbridos, pelo facto de agregarem um pequeno sistema do tipo bomba de calor, têm um tamanho um pouco maior. Assim, estes equipamentos podem ser instalados em diferentes divisões desde que estas tenham, pelo menos, 13 m3, bastando a ligação ao sistema elétrico e à canalização da água.

Já as bombas de calor não podem ser ‘atiradas’ para qualquer lado. Há versões monobloco, para casas mais pequenas, mas que têm sempre alguma tubagem atrás para entrada e saída de ar. Quanto às versões ‘split’, requerem uma ligação ainda mais facilitada ao exterior da casa, ficando o sistema de aquecimento de água no lado de dentro ligado à unidade de extração de ar do lado de fora. Por norma, este equipamento deve ser instalado em divisões que respeitem o volume de divisão mínimo de 20 m3 e os modelos maiores devem mesmo ser colocados no chão e não fixos a uma parede.

Consumo de energia e água
Os campeões dos baixos consumos de energia são as bombas de calor, que conseguem aquecer a água com muito menos gastos de eletricidade do que os termoacumuladores, sejam inteligentes ou híbridos. Com classificação energética A+, as bombas de calor ar/água conseguem ganhos até 85%, face aos cilindros mais antigos, oferecendo ainda vários programas que adaptam o consumo às necessidades de cada um, como o modo ecológico ou o automático.

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Também o consumo de água sai beneficiado, com reduções que podem chegar a 30%, pois, para garantir a eficácia e eficiência do aquecimento, as bombas de calor vêm normalmente com economizadores de água associados, que controlam o caudal.

No entanto, os termoacumuladores híbridos também já se destacam pela eficiência. São o primeiro equipamento deste tipo a conseguir uma classificação A, gerando ganhos de 50% no consumo de energia elétrica face aos outros termoacumuladores. Adicionalmente, também oferecem um nível de personalização próximo do das bombas de calor.

Ruído e conforto

Em termos de barulho de funcionamento, os termoacumuladores são as soluções AQS (águas quentes sanitárias) menos intrusivas, com um ruído em torno de 15 dB. Nos híbridos esse valor sobe para perto dos 50 dB, ainda assim longe dos esquentadores, cujo ruído supera frequentemente os 60 dB.

No caso das bombas de calor, o barulho fica normalmente acima dos 50 dB, mas aí há outros fatores a ter em conta. Só os sistemas monobloco e de instalação mural, que sejam colocados numa divisão como a cozinha, é que vão ser mais ‘ouvidos’. As bombas de maiores dimensões, acima de 150 litros de depósito e com instalação no chão, são normalmente montadas em pequenas divisões próprias ou numa garagem, em moradias por exemplo, não produzindo ruído para o interior. E nas bombas ‘split’ a parte mais ruidosa é a que fica no exterior. A que é instalada do lado de dentro emite o mesmo ruído que um termoacumulador.

Capacidade

Tanto os termoacumuladores inteligentes, como os híbridos, ou as bombas de calor, têm um depósito de água que pode ter várias dimensões, dependendo do tipo de utilização ou agregado familiar. Normalmente, calcula-se 40 litros por pessoa, devendo a escolha ficar acima ou abaixo da soma total se há crianças pequenas (que vão crescer); ou a possibilidade de surgirem crianças, como num casal que tenha essa vontade.

No entanto, existe ainda outro ponto que importa adicionar a esta equação, que é a simultaneidade. Apesar de o mais correto ser, de facto, utilizar a regra dos 40 litros por pessoa que mencionámos acima, provavelmente, já deve ter ouvido falar de agregados familiares de duas a três pessoas que possuem um cilindro pequeno (aproximadamente 50 litros) e que conseguem tomar banho sem incorrer no risco de ficar sem água quente, pois tomam banhos espaçados. Assim, no momento da compra, deve também pensar na rotina de casa e no número de banhos seguidos que poderão precisar, percebendo qual a solução cuja capacidade melhor se adequa às suas necessidades.

São estes fatores, o do tamanho de uma casa ou de um agregado familiar e a rotina vivida em casa, que podem fazer a agulha pender mais facilmente para um lado ou para outro. Para casas pequenas e/ou de férias, com uma utilização mais limitada, ou para um casal que limite a utilização da água quente aos banhos e pouco mais, um termoacumulador inteligente poderá ser a melhor opção. Para uma família com vários filhos ou com mais do que dois adultos, que viva numa moradia ou num apartamento de grandes dimensões e com vários pontos de água, uma bomba de calor compensa seguramente o investimento. Os híbridos são os que oferecem menos opções de capacidade, ficando a sua escolha por casais ou famílias pequenas a depender mais dos outros parâmetros.

Mas afinal, qual escolher: Bomba de calor ou Termoacumulador?
Como vimos, são vários os fatores que influenciam a escolha entre um termoacumulador e uma bomba de calor. De forma a auxiliar a sua escolha, veja abaixo a tabela que preparámos para si, onde ilustramos a pontuação destes equipamentos com base nas variáveis mencionadas acima (sendo que, quanto mais estrelas, melhor o equipamento se destaca nesses aspetos).

Tanto os termoacumuladores híbridos como as bombas de calor são excelentes opções para aquecer água, na medida em que são bastante mais eficientes face a termoacumuladores convencionais e esquentadores.

Para além disso, permitem armazenar a energia produzida por painéis solares para autoconsumo, funcionado como bateria térmica, em que a energia produzida é aproveitada para o aquecimento da água quente.

Assim sendo, e de uma forma resumida, podemos dizer que os termoacumuladores inteligentes são uma boa solução para quem:

  • Quer uma solução segura e eficiente, com um baixo custo inicial
  • Não tem acesso à rede de gás natural
  • Tem uma família até 4 pessoas
  • Não pode instalar um termoacumulador híbrido ou uma bomba de calor, por falta de espaço

Os termoacumuladores híbridos são ideais para pessoas que:

  • Têm um agregado familiar máximo de 3 pessoas
  • Pretendem uma solução eficiente com a melhor tecnologia
  • Não podem instalar bombas de calor por motivos técnicos

Por seu turno, as bombas de calor são ideais para quem:

  • Pretende a solução mais eficiente do ponto de vista energético
  • Tem espaço em casa para instalar uma bomba de calor
  • Tem maior disponibilidade financeira para fazer um investimento inicial maior, sendo que, a médio prazo, a poupança vai compensar o valor investido

Seja qual for a escolha, o caminho do futuro é a eletrificação e a descarbonização, rumo a um planeta cada vez mais verde e sustentável.