Melhorar o conforto em casa pode passar pela utilização de equipamentos mais eficientes, como o ar condicionado, mas também pela redução de trocas de calor, melhorando as janelas e/ou coberturas.
Apesar do clima mais ameno que em muitos outros países europeus, em Portugal, mais de 1,7 milhões de pessoas enfrentam desafios para manter as suas casas quentes e confortáveis durante o inverno, surgindo como 5º pior país da União Europeia 1.
Esta dificuldade vem do facto de 65% das casas não terem o isolamento térmico adequado, uma vez que foram construídas muito antes das primeiras normas de eficiência energética em 1990 2.
Além do conforto, 25% das pessoas vivem em casas com infiltrações, humidades e bolor 3, que são prejudiciais para a saúde de toda a família.
Conforto térmico é entendido como a satisfação com a temperatura do ambiente. Na verdade, acaba por ser um conceito subjetivo que varia consoante o espaço onde estamos: a temperatura de um ginásio deve ser diferente da temperatura de um escritório e a temperatura ideal dentro de casa varia conforme a época do ano.
Idealmente, devemos sentir este conforto sem grande esforço. Por exemplo, se estivermos no inverno, dentro de casa, não devia ter de vestir várias camadas de roupa para se aquecer.
O SCE (Sistema de Certificação Energética de Edifícios) define temperaturas de referência para os certificados energéticos: 18 ºC no inverno e 25 ºC no verão 4. Apesar desta referência, temos consciência que manter estas temperaturas em casa nem sempre é fácil — nem leve para a carteira.
Viver com conforto, seja qual for a época do ano
Saiba mais sobre a eficiência das casas, paredes e isolamentos
Perdas térmicas e isolamento
As perdas de temperatura são um problema comum em Portugal, onde as casas geralmente não estão preparadas para lidar com as oscilações entre estações.
É por isso que é tão importante investir em soluções eficazes de isolamento: além de garantir maior conforto em casa, ajuda a reduzir os custos com a fatura da energia.
Um bom isolamento é essencial
Segundo o SCE ², a cobertura, as paredes e as janelas são as maiores responsáveis pelas perdas de calor, com impacto direto no conforto da casa.
Neste caso, tanto a qualidade da construção e dos materiais utilizados como a idade do efifício podem contribuir para estas falhas no isolamento.
Sempre que possível, devem ser usados materiais com bom desempenho térmico, calculado através do coeficiente de transmissão térmica.
O que é o coeficiente de transmissão térmica?
O valor U, também conhecido como coeficiente de transmissão térmica, mede a capacidade de um material transmitir calor. É medido em W/m² ⁰C — que indica a quantidade de energia que atravessa cada metro quadrado, para cada grau de diferença de temperatura entre o interior e o exterior. Na prática, quanto menor o valor U, melhor a capacidade de manter a temperatura no interior: neste sentido, e sempre que possível, opte por materiais com valores U mais baixos para elevar o nível de conforto.
Para mais informações sobre o valor U, pode entrar em contacto com um profissional da área ou, no caso das janelas, consulte sempre a etiqueta CLASSE+.
A eficiência da sua casa num certificado
Em Portugal, dados da ADENE mostram que a maioria dos certificados tem baixa classificação energética, com cerca de 65% abaixo da classe B-5.
Os certificados energéticos oferecem recomendações para melhorar a eficiência e o conforto em casa.
Aprenda a interpretar o certificado energético
O certificado energético é uma ferramenta útil para compreender o comportamento térmico da sua casa.
Para além da avaliação energética e das características de consumo, o certificado mostra-lhe ainda:
- Informações sobre a climatização e águas quentes sanitárias
- Localização da habitação e materiais de revestimento
- Medidas extra para melhorar o desempenho energético em casa
Como melhorar a classe energética?
Melhorar a classificação energética implica investimentos consideráveis, com estimativas de cerca de 4.000€ para subir da classe F para E e 6.500€ para saltar para a classe D.
Em casas com baixa classificação energética, a substituição dos caixilhos e vidros duplos e o isolamento de paredes e coberturas são um ótimo ponto de partida para reduzir as perdas de calor. Caso tenha classificação superior a B-, pode aumentar a eficiência com a instalação de painéis solares ou investindo em equipamentos de climatização eficientes, como o ar condicionado.
Para orçamentar estas melhorias, o portal Casa+ tem propostas adequadas às suas necessidades.
Muito mais do que simples vidro
Em Portugal, 75% das habitações ainda têm vidros simples 6. Apesar deste facto, sabia que uma janela com vidros duplos e corte térmico pode reduzir até quatro vezes as diferenças de temperatura — quando comparada com uma janela de alumínio com vidro simples e sem corte térmico? No final de contas, com esta troca pode poupar até 80€ por ano.
Se está a pensar em trocar de janelas, é importante ter em conta o tipo de caixilhos e vidros, assim como o nível de segurança e ventilação.
Para não ter dúvidas sobre a melhor escolha para si, a etiqueta CLASSE+ tem tudo o que precisa de saber sobre o desempenho energético das janelas.
Tipo de caixilho
Deve ser dos primeiros detalhes a ter em conta, assim como as restrições da câmara municipal ou do condomínio. Os tipos de caixilhos mais comuns são em alumínio, PVC ou madeira. Qualquer material pode ser eficiente, desde que tenha corte térmico na sua constituição.
Tipo de vidro
Atualmente, tem várias opções disponíveis que podem variar de acordo com a quantidade de folhas e o tipo de tratamento — como vidro temperado, que é mais seguro e resistente, ou vidro de baixa emissão, que reflete até 70% da luz solar.
Proteja o seu lugar ao sol
As proteções solares são essenciais em países do sul da Europa, onde a exposição direta à luz solar pode causar o sobreaquecimento das casas no verão. O desempenho das proteções solares é avaliado pelo seu fator solar: quanto mais baixo, melhor o nível de proteção.
Sombreamento
Soluções como proteções solares móveis têm a vantagem de serem mais versáteis e adaptáveis à temperatura exterior e à luz solar.
Podem ser adaptadas para dentro ou fora de casa; mesmo assim, as soluções externas têm habitualmente melhor desempenho nesta categoria, evitando o aquecimento excessivo em até 96% 7.
Assim como acontece com os caixilhos, a opção de corte térmico em estores e portadas torna o material mais caro mas o resultado final é mais eficaz.
Apesar de serem móveis, não deixe de considerar o seu impacto na fachada do condomínio.
Vidros e películas de proteção solar
Os vidros e películas solares são alternativas discretas que não têm impacto na aparência da fachada. Pelas suas características, podem alterar ligeiramente a cor da luz que entra em casa mas podem ter benefícios como maior privacidade.
Instalar vidros de baixa emissão pode melhorar significativamente o fator solar e o conforto térmico em casa, especialmente no inverno.
Já as películas refletoras, que são coladas aos vidros, são uma opção mais económica e bastante competitiva, especialmente se a instalação for feita do lado de fora do vidro.
Seja qual for a sua opção, considere o prazo de garantia da instalação e o coeficiente de Luz Visível Transmitida (LVT), que deve ser o mais alto possível.
A eficiência começa no isolamento
Vamos aos factos: em Portugal, mais de metade das casas não têm isolamento térmico adequado 8, o que resulta em desperdício e gastos desnecessários com climatização.
Paredes e coberturas bem isoladas conservam três vezes melhor a temperatura e melhoram a transmissão térmica dentro de casa.
Materiais de isolamento
Podemos agrupar os materiais de isolamento pelo seu formato e forma de aplicar. Para escolher o material adequado, considere o tipo de edifício e pese os fatores mais importantes, como preço, sustentabilidade do material, isolamento acústico ou segurança.
Isolamento pelo exterior
Isolar as paredes exteriores da casa com materiais térmicos permite manter o conforto no interior, seja qual for a temperatura lá fora. Desta forma, diminui o uso de equipamentos de climatização e poupa energia.
Isolar a habitação pelo exterior costuma ser a melhor solução e pode ser feito tanto ao nível das paredes como da cobertura.
No isolamento de paredes, é comum o uso de painéis isolantes, como o EPS. Outra opção é o sistema ETIC's, ou "capoto", que é bastante eficaz mas exige o isolamento em todo o edifício e pode alterar a fachada original.
No caso do isolamento de coberturas, podem ser colocadas placas isolantes sob as telhas durante o processo de construção da casa — ou posteriormente, quando for feita uma renovação profunda no telhado.
Isolamento pelo interior
Se não for possível aplicar o isolamento por fora, é possível fazê-lo por dentro.
Uma das soluções possíveis é através do preenchimento da caixa de ar com material de isolamento aplicado (espuma) ou insuflado (lã mineral, granulado de espuma ou fibra de celulose).
Esta opção é simples e eficaz: não retira espaço ao interior e os rodapés ficam no sítio; a parede fica exatamente como estava. No entanto, é preciso avaliar se a parede tem a espessura e resistência necessárias para receber este tipo de tratamento.
Em alternativa, pode aplicar o isolamento pelo interior — o que pode reduzir a área útil dentro de casa e sobrepôr-se ao acabamento original da parede.
Este tipo de tratamento é geralmente feito através do sótão, com isolante em rolo ou projetável. Se o sótão não for opção, pode ser feito através do tecto do apartamento, no último andar.
Fontes
1 Eurostat 2023, Inability to keep home adequately warm, EU-SILC survey
2 ADENE 2016, Isolamento de Coberturas
3 Eurostat 2023, Population living in a dwelling with a leaking roof, damp walls, floors or foundation or rot in window frames of floor by poverty status, EU
4 DGEG 2021, Manual Técnico para a Avaliação do Desempenho Energético dos Edifícios, ADENE
5 SCE 2023, Estatística do Sistema de Certificação Energética dos Edifícios
6 ADENE 2016, Janelas Eficientes
7 ADENE 2016, Proteções Solares
8 ADENE 2016, Isolamento de Paredes